sábado, 13 de dezembro de 2014

Capítulo 1 - Isso não é um adeus

- Vou sentir sua falta - Murmurou cabisbaixo



- Ah amor não torna as coisas mais dificies pra mim- Disse também cabisbaixa o abraçando ainda mais forte



- Desculpa, quero que siga seu sonho mas é que é muito difícil me acostumar



- Renan nada vai mudar entre a gente, nada meu amor. Quando eu voltar pro Rio vamos planejar nosso casamento, ter nossa casa, não se esqueça disso - Segurei seu queixo e o beijei devagar



- Eu sei minha princesa, eu estou tentando, juro. Agora estou pensando em um jeito de ir morar contigo por lá, nem que eu tenha que largar meu emprego e recomeçar - Retribuiu meu beijo



- Renan! isso não tem cabimento, você lutou muito pra conseguir esse emprego, tá crescendo a cada dia, sendo reconhecido, a gente vai passar por essa fase juntos sem precipitações



O Renan era publicitário numa agencia do Rio, tinha estudado muito pra conseguir esse emprego, por mais que eu gostasse da ideia dele não podia aceitar já que ele tinha se esforçado muito, e fora que ele precisava ajudar a mãe em casa, ela não suportaria ficar sem o único filho mesmo que me adorasse.



- Você está certa, terei que ocupar minha cabeça com mais trabalho para poder domar a saudade. Te ver uma vez por mês vai ser extremamente desafiador



- Espero que só se ocupe de trabalho mesmo - Fingi está brava



- Claro que sim, eu que espero que você saia da facul pro trabalho e do trabalho pra casa. Se bem que a  ideia de você trabalhando numa boate é atormentador, os caras querendo mais bebidas, querendo te pagar bebidas, passando a mão em você , pedindo seu telefone - Fechou os olhos tentando a afastar a dolorosa ideia da cabeça



- Ah não Nâna, isso de novo? Poxa, nossa última noite juntos e é assim mesmo que quer passar? - Fui passando minha mãos pela sua virilha, mas ele logo tratou de afasta e coloca-las para cima novamente



- Olha mocinha, pode parando de sacanagem que estamos num lugar público, e alguém pode ver você e essa sua mão



- Aah para amor, a praia tá quase deserta, não tem ninguém vendo a gente



- Nada disso, vamos pra casa e lá resolvemos como vamos nos despedir - Sorrio afetuoso



Renan era do tipo romântico e pouco safado, em público trocávamos carícia inocentes , ou seja, não rolava nunca uma mão boba ou algo mais quente. Ele era realmente a moda antiga e super conservador, dizia ele que fazia isso pra me proteger, que no mundo de hoje todo cuidado é pouco, qualquer pessoa poderia tá nos vigiando ou filmando o que era muito pior. Eu já tava acostumada a esse jeitinho dele, por isso nem exitava. Sexo só fazíamos na sua casa ou motel, na minha NUNCA primeiro porque meu tio não deixava e segundo porque ele achava uma falta de respeito tremenda com meus velhos.



Pegamos nosso 455  Copacabana x Méier e fomos para sua casa como o combinado já que eu já tinha passado o dia inteiro grudada nos meus tios. Passamos o restinho da noite nos despedindo de uma maneira muito gostosa a cada minuto tava me sentindo mais pesada, com coração pesado. Estava deixando pra trás uma vida de anos, e tinha medo do desconhecido, da cidade nova, das pessoas, tinha medo de esquecer as lembranças dos meus pais que estava tão marcada aqui no Rio e tinha pavor de perder o Renan, por mais que eu tentasse ser forte na frente dele também me sentia chorosa por deixá-lo o Rio era um mar de tentações e ele era um homem lindo, romântico . Ele estava com medo de que eu pudesse perder o interesse por ele mas eu acho impossível alguém me deixar nas nuvens do jeito que o nâna me deixa



- Posso invadir seus pensamentos? - Perguntou me olhando



-Nada de especial



O beijei e ficamos conversando até pegarmos no sono que logo fora interrompido pelo despertador estrondoso do seu quarto, já eram 6 horas, meu voo estava marcado para as 10:30. E como o Méier e distando pra caramba do aeroporto, tinha que levantar com as galinhas , me apressar e sair. Tomamos um banho, café e pegamos um táxi pro aeroporto, depois de uma briga longa com o Renan. O táxi até lá daria extremamente caro e como estava num horário razoável dava pra pegar um ônibus tranquilamente, mas ele não queria levar minhas coisas dentro de um buzão sem espaço, seria muito cansativo


- O dinheiro é meu, entra logo dentro desse carro antes que eu te chute- Apesar das palavras rudes disse isso de uma maneira bem fofa



- Eu sei que é sei mas poderia gastar com outra coisa, tipo uma passagem pra santos quando sentir saudades - Entrei bufando



Meus tios iam de fusquinha azul junto com o pai a mãe e o irmão da minha amiga, ela veio no táxi com a gente, já tínhamos nos despedido dos amigos por isso só a família mesmo ia nos levar no aeroporto, e fora que detestava dizer adeus, pra mim era uma tortura caminho pro aeroporto foi engraçado  depois de muito discutir e namorar no táxi (tudo comportadamente) , o motorista não parava de rir das nossas questões



- Vocês vão se separar por quanto tempo? - Perguntou o motorista



- 5 anos - Dissemos juntos



- 5 ANOS? - Disse aos berros



- Quer dizer, nós vamos nos ver todo mês e quem sabe a gente não consegue mudar esse tempo né - Eu disse



- Eu já namorei a distância também - Disse o motorista



- E como foi? - Perguntou o Renan



- Foi péssimo, ela morava na paraíba e eu aqui no Rio, veio passar um carnaval aqui e nos apaixonamos perdidamente, ela voltou pra sua cidade depois de 2 meses, e um tempo depois me disse que estava grávida, fiquei todo contente apesar da pouca idade, mas depois ela me disse que o filho poderia ser meu ou de um cara que ela conheceu no forró quando chegou na sua cidade



- Caramba que safada e você todo apaixonado - Disse minha amiga



- Fiquei com os 4 pneus arriados por ela, mas no final das contas o filho era do cara de lá, ai eu tratei de expulsar ela da minha cabeça. É meu ''peixe'' ficar 5 anos longe da pessoa que você ama vai ser impossível, serão muitas tentações, problemas , coisas secretas - Disse o motorista desanimado



- Mas isso não vai acontecer com a gente, sabemos muito bem o que queremos pro nosso futuro e quem queremos está - Disse olhando pro Nâna que ficou ainda mais encabulado e triste com a história do motorista.



Chegamos no aeroporto , demorei quase uma eternidade dentro do carro tomando coragem primeiro para me soltar do abraço do nâna e segundo pra encarar a despedida do Rio.



- Dá pra ser hoje? - A Bia minha amiga bateu no vidro do carro olhei pra ela pedindo mais um minuto, ela muito inconveniente disse



- Tem 1 minuto não minha linda, precisamos fazer os procedimentos já estamos em cima da hora. Olhei no relógio e já ia dá 10 horas, precisava mesmo correr. Sai do carro a contragosto, fizemos tudo o que tínhamos que fazer e começamos as despedidas, não contive o choro, aquele aperto se transformou em lágrimas



- Promete que vai me ligar todos os dias? - Disse minha tia aos choros



- Claro né sua boba, eu não vivo sem você, aliás sem vocês. Abracei todos ao mesmo tempo e depois fui me despedir a sós do meu namorado



- Tem mesmo certeza? -Disse com o rosto todo vermelho



- Não, mas preciso tentar- O abracei muito forte



- Você é tudo pra mim nunca se esqueça disso



- Você também não se esquece nem por um minuto que sou louca por você- Nos beijamos e por um momento achei que nada disso tava acontecendo que continuava na minha vida simples com meus tios, amigos e meu namorado. Infelizmente me despertaram com aquela voz inconveniente avisando sobre o voo. Selei nossa boca pela última vez...



- Daqui a 4 semanas eu estou aqui , isso não é um adeus



- Eu te espero, como sempre esperarei - Nos beijamos uma última vez, me despedi de novo de todos que ali estavam peguei minhas coisas e caminhei tremendo. Sabendo que talvez eu pudesse desistir, a Bia segurou minha mão livre e me ajudou a seguir. Olhei pra trás mais uma vez e vi o Renan abraçado a minha tia, chorando



- Daqui a 1 mês você tá aqui de novo, estaremos tão ocupadas que vai passar num piscar de olhos fica tranquila - Me deu um sorriso afetuoso



- Eu sei, mais ainda tem um negócio aqui dentro de mim



- é fome amiga, quando chegarmos procuramos algum lugar bacana pra comer



Tive que rir das suas bobagens. Finalmente chegamos minha amiga dormiu igual uma porca eu não conseguir pregar o olho de ansiedade. Achamos um taxista muito do gentil que foi nos explicando cada parte da cidade, a bia tava com medo de tomar calote dele e acompanhava no gps do celular cada rua ou viela que ele passava pra saber se tava no itinerário certo. O bairro era muito gracioso e 10 minuto da praia, nosso prédio era simples e foi escolhido porque era próximo do trabalho. Começaríamos a pegar no batente hoje mesmo, sexta-feira seria corrida mas eu tava muito animada.


Nosso apartamento era muito bonitinho, com dois  quartos grudados, uma pequena sala e cozinha, uma área apertada e uma varanda também apertada e um só banheiro. Sabíamos que tínhamos que nos organizar muito para que nossa convivência desse certo naquele minúsculo apartamento. Meus tios e eu juntamos uma boa grana, nos apertamos bastante, eu consegui uns bicos de modelo e a bia também juntou uma boa grana, ela tinha um pouco mais de condições que eu, já que o pai dela era militar. Já tínhamos comprado grande parte dos móveis pela internet mesmo, nosso cozinha seria planejada assim como nossos quartos, juntando o dinheiro deu pra pagar. Compramos um sofá branco simples e a tv a Bia trouxe de casa mesmo , meu quarto teria uma mesa de estudos, meu notebook uma cama de lado de solteiro simples com almofadas fofas que eu comprei no centro do Rio e minha luminária de cupcake, despertador, fotos espalhada por toda parede e o armário branco assim como a cama e a cadeira de estudo. Meus tios fizeram um esforço tão legal pra me dá um lar novo confortável não via a hora de arrumar tudinho. Tomei um banho rápido com a água gelada e troquei de roupa pra arrumar com a boa, fiz uma make bem básica e saímos com skate debaixo do braço pra conhecer a vizinhança . Apesar deu ser bem extrovertida tinha que confessar que a Bia ganhava de mim nesses aspecto, conversava com tudo e com todos, já tinha feito amizade com quase a rua toda.



- Oi tudo bem? Me chamo Beatriz e tô morando naquele predinho amarelo no final da rua, como eu não conheço nada aqui podia me dizer onde acho um supermercado? - Quem queria saber que ela morava no predinho amarelo e se chamava Beatriz... tinha que rir



- Aaah e essa ao meu lado se chama Júlia - Disse me fazendo corar e olhando pra um skatista que parecia ta viajando numa marola sem entender o porque tinha sido parado por aquela louca no meio da rua. Bom ela escolheu ele por ser bonitinho e tá se apoiando num skate como nós.



- Bom baixinha tem um logo ali, se quiser que eu leve vocês vai ser um prazer - Disse abrindo maior sorriso



Bia como uma boa solteira não dispensou a ajuda. Fomos pro mercado compramos tudo que precisávamos e a Bia trocou telefone com esse tal de Felipe e depois voltamos pra casa



- Que sucesso heinn, poucas horas em santos e já ta causando esse alvoroço



- Eu?? mas não é só eu não tá, os carros estão quase parando por nossa causa, acho que sentiram que a carne é fresca - Rimos



- Pode ser isso mesmo



- Você me parece menos jururu



- Me animei com nosso apê, nossa nova vida a facul, trabalho - Tínhamos passado a tarde fazendo reconhecimento dos principais locais que precisávamos frequentar, vendo os ônibus, tudo perdemos até noção do tempo, precisávamos comer qualquer coisa rápida se trocar e correr pro trabalho, não dava pra chegar no emprego no primeiro dia já atrasadas né por isso decidimos pegar um táxi depois de devidamente arrumadas, bem maquiadas.



- Será que não exageramos? Não seremos clientes né



- Não amiga, ta super básico e é bom caprichar na beleza quando se trabalha nesse tipo de local - Disse a bia animada



Chegamos na dom room que é chiquérrima e fomos recebidas por nossos chefes, Guilherme e Cris que foram muito simpáticos, muito mais até do que imaginei que seriam. Fomos apresentadas a todos os ambientes, nossas funções e começamos a trabalhar a todo vapor servindo bebidas pelo camarote , arrumando as mesas. Os seguranças grandões estavam a todo vapor por algum alvoroço a algum famoso que estava subindo. Tava tão ocupada que nem pude ver de quem se tratava. Quando estava pegando a bebida pra outros clientes fui abordada pela Bia a todo vapor



- Amiga, amiga- Disse excitada



- Você não vai acreditar quem acabou de dá entrada aqui



- Vai, fala rápido que tô correndo



- NEYMAR AMIGA, NEYMAR



- Que Neymar garota?



- O jogador de futebol oras, para né Júlia vai me dizer que não sabe quem é?



- Sei sim mas isso não é da nossa conta não estamos aqui pra tietar jogador



- Eu sei amiga, mas adivinha quem vai servir bebidas pra ele? EUZINHAAA - Falou antes que eu pudesse responder



- Boa sorte então amiga e anda logo



Antes dela sair foi abordada pelo patrão dos empregados que delegou a ela outra função, o que a deixou muito mais muito decepcionada, foi um balde de água fria. Ele apontou pra mim, leu meu nome na plaqueta e delegou



- Júlia por favor sirva aquela mesa com maior cuidado e destreza do mundo , faça apenas seu serviço e volte



- Sim senhor



Fui servir a mesa tremendo o patrão ao invés de me tranquilizar me assustou mais ainda, por que ele não pediu a alguém mais antigo pra fazer isso meu Deus, por que logo eu pra servir esse jogador. Cercado de mulheres e amigos. Fui colocando a bandeja em cima da mesa redonda e dando as bebidas aos seus respectivos donos.



- Redbull disse alto para que fosse ouvida e a mão do tal jogador se estendeu pra cima para indicar que era dele. Abri a bebida e coloquei num copo preto como me foi recomendado diferentemente dos outros clientes ele era servido no copo, procurei não olhar nos seus olhos para não transparecer nervosismo mas infelizmente eu olhei, que droga. Quando fui lhe entregar a bebida tomei um tropeço e derrubei tudo na sua blusa que parecia ter custado muito caro , ele me lançou um olhar furioso, ai droga eu tava realmente ferrada. Comecei a pegar um pano e tentar limpar sua blusa mas  ele me segurou pelo pulso e me olhou com os olhos verdes pegando fogo, logo o reconheci de todas os jornais e revistas, estava com muito medo, não podia arriscar meu emprego logo agora, quando tentava soltar meu pulso, ele agarrou com ainda mais força e disse:




- Você não presta atenção no que faz? 

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